quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Champions a longo prazo


Algumas considerações prévias ao sorteio da Champions de hoje:

1.

Quadro muito forte de equipas. No Pote 4 há duas equipas muito fortes (Dortmund e Nápoles), três que, com um bom sorteio, podem chegar aos oitavos-de-final (Plzen, Genk e Zagreb), e duas que, em casa, vão roubar pontos (Otelul e Trabzonspor). No Pote 3 há cinco candidatos claros aos oitavos: Zenit, Ajax, Leverkussen, Olympiakos e Man. City. No Pote 2 não há nenhuma equipa claramente inferior ao Benfica. No Pote 1 o Porto é o mais fraco das 8 (se pensarmos que, com o Arsenal, a chapa 5 é algo de vulgar…).

De 21 candidatos, dezasseis equipas para entrar nos oitavos-de-final da Champions League:

De caras, independentemente do sorteio (8) : Man. United, Barcelona, Chelsea, Bayern Munique, Real Madrid, Porto, Inter, Milan.

Com um sorteio minimamente favorável (7): Arsenal, Valência, Villarreal, Zenit, Manchester City, Borussia Dortmund, Nápoles.

Para um a quatro lugares disponíveis (6): Benfica, Shaktar, Marselha, Ajax, Leverkussen, Olympiakos.



2.

Para o Benfica – mais do que para o Porto, que depende menos do calendário – boa parte das hipóteses de ser campeão nacional passam pelo sorteio desta tarde. Por um lado, a qualidade doa adversários ditará muito do que o Benfica fará na prova, sendo que, aqui, uma caminha longa na Champions significa, quase inevitavelmente, a perda de pontos no campeonato. Por outro, o momento em que defrontará os jogos decisivos (em casa contra o Pote 1 e em casa e fora com o Pote 3) é importante, porque isso significará poupança de jogadores ou desconcentração competitiva a nível interno (em que jogos?).



3.

O apuramento do Benfica para esta Champions pode ter, na minha opinião, maior relevância na próxima época que propriamente nesta. Continuo a acreditar que o Benfica tem grandes hipóteses de ser campeão mas, se, racionalmente, a diferença do Porto se traduzir no bicampeonato (e agora, com ambas as equipas em igualdade de calendário, ainda maior será a vantagem do Porto), este apuramento do Benfica significa um ou dois jogadores a mais no princípio da próxima época – Witsel e Garay custaram 11,5 milhões de euros, o mesmo que o Benfica fará na Champions este ano – e isto numa altura em que, na pior hipótese, o Benfica, acabando em terceiro este ano, apenas terá de passar as pré-eliminatórias para chegar à Champions outra vez, podendo mesmo garantir o apuramento directo se acabar em segundo. Numa época em que se prevê uma diminuição do fosso entre Porto e Benfica, isso – e uma grande improbabilidade estatística de, no ambiente actual, o Porto conseguir um terceiro título consecutivo – daria ao Benfica grandes hipóteses de ser campeão em 2013 (quando começaram a entrar as receitas do novo acordo televisivo). Para mais, a equipa do Benfica, mesmo saindo um ou outro jogador, chegaria à nova época com um ano de verdadeira experiência europeia em cima, o que é importantíssimo em termos de crescimento colectivo. Além disto, há sempre a hipótese de o Benfica aparecer para a nova época com um novo treinador, com todas as boas possibilidades que isso envolve depois de um ciclo de três anos (como se viu com Jesualdo e Villas-Boas).

Por esta razão, estrategicamente, este apuramento para a Champions League foi, na minha opinião, o mais importante de todos, independentemente dos resultados esta época – e considerando que, dado o nível da equipa e a oposição, passar aos oitavos-de-final já seria um sucesso. Quer na competição para cima (Porto) quer para baixo (Sporting), e tendo em conta o momento de consolidação económica-desportiva do clube, nunca terá sido tão importante para o Benfica chegar a uma Champions.

É que enquanto o Porto joga para se manter a um nível de onde já não vai passar, lutando contra a inércia, o Benfica está em dinâmica ascendente. Ir à Champions não significa, nitidamente, o mesmo para ambas as equipas. Já para não falar do que significaria uma não-passagem do Porto aos oitavos-de-final.

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