sábado, 10 de setembro de 2011

A fauna

Às vezes é giro dar uma volta por um jornal. Comprei a Bola de hoje.
 

Página 3.

«Até porque depois há o risco de as pessoas engordarem…»

Pinto da Costa elogia os clubes da segunda liga por não andarem a escolher candidatos «em almoços e jantares».
Já há muito tempo que não via o homem a ter tanta piada. Para mais, o texto aparece ao lado de uma foto em que estão ele, o Antero Henrique e o Luís Duque, que vai a caminho de pesar uns trezentos quilos. O Duque é o principal responsável por o Sporting se estar a aproximar do Benfica e a deixar o Porto a nadar sozinho. É o alvo.
Já agora, isto não é «fina ironia». É sarcasmo. Ironia é quando o cão que pomos a dormir na rua nos rouba a chave de casa. É morrer pela espada depois de viver pela espada.


Página 4

Soares Franco apresenta a sua candidatura à presidência da FPF no mesmo hotel onde, na véspera, «Godinho Lopes e Luís Filipe Vieira almoçaram juntos para definir uma estratégia a propósito de um candidato consensual».

O Hotel é o Tivoli, onde o Porto fica quando vem a Lisboa, assim como o Braga, e onde se dão 90 por cento das reuniões, conferências de imprensa e assembleias do futebol português.
No dia em que o Tivoli deixar de pagar as contas da luz o futebol português emigra, por inteiro, para Espanha.


Página 6

«Seguro nas palavras e ludibriando polémicas, o treinador do F. C. Porto, com a sua voz forte de mais para uma sala que não é propriamente um salão, abordou sem problemas a questão de Hulk, a contas com uma entorse no tornozelo direito.»

Os jornalistas da Bola (este é um Carlos Pereira Santos), como lhes disseram que o jornal onde trabalhavam tinha tido grandes vultos do jornalismo no passado, metem na cabeça que têm de ser escritores, e depois dá nisto.
O que dizer deste vibrante naco de prosa? Do atropelo de ideias tão inúteis quanto incoerentes num breve parágrafo sobre uma não-notícia? Da intenção de elogio que, de tão, bacoca, só cheira a graxa? Lembro-me sempre do que li na férias, quando, ao fim de meia dúzia de dias de comear a época, um jornalista do Record já falava do treinador do Porto como um «condutor de homens», à Ghandi, ou à Churchill.
As páginas do Porto, em qualquer jornal, são um verdadeiro clinic de jornalismo dirigido em ploto automático. Torna-se ridículo de tão óbvio.
 

Página 7

«O Sporting entra nesta luta, tal como o Sporting de Braga ou mesmo o Vitória de Guimarães.»

Disse o treinador do Porto sobre a corrida a dois para o título.
Ao aumentar o volume da cassete, Vítor Pereira revelou precisamente o que pensa em relação ao Sporting: que está a jogar para o terceiro lugar.
 

Página 11

«O presidente é de visão, já tinha antecipado este cenário. Tenho um carinho especial por ele, por me ter mantido aqui mesmo nos momentos difíceis, e nessa última conversa isso ficou bem claro»

Luisão sobre LF Vieira. De vez em quando aparecem estes testemunhos que, ao mesmo tempo, nos parecem tão desfasados da realidade (a sério, o Vieira, um visionário?) mas que nos dão indícios de que o presidente do Benfica, não sendo um génio, pode ser muito melhor do que parece.


Página 11

«Sábado o jogo com o Guimarães é mais difícil e mais importante que o de quarta com o M. United. Sábado é importante na luta do título; quarta não é decisivo no apuramento da Champions onde a nossa obrigação é vencer romenos e suíços. Os dois jogos seguidos em casa para o campeonato podem certificar uma candidatura ao título. Perder pontos agora é proibido.»

Uma análise quase perfeita de Sílvio Cervan. Coloco apenas uma ressalva: um empate em casa com o Manchester seria qu definitivo num apuramento do Benfica. Em relação à prioridade, resta saber se Jesus concorda, quem joga e como.
 

Página 15

«Esses não são sportinguistas.»
Godinho Lopes sobre os adeptos que assobiam os jogadores.
Um erro de palmatória. O Benfica deu a volta conquistando os adeptos. O Sporting, pelos seus dirigentes, continua a pensar que a obrigação está do lado dos adeptos, não dos profissionais. Ainda não perceberam.


Página 17

«O Sporting ganhou dois campeonatos nos últimos 28 anos. (…) Esta é a história do Sporting e mais títulos só na época dos cinco violinos.»
Idem.
Aqui, um momento de clarividência. A natureza vencedora (e não quase vencedora) é um dos grandes mistérios do futebol português. E o futuro do Sporting o maior desses mistérios.
 

Página 17

«Sá Pinto foi expulso no último jogo frente ao união de Leiria»
Nãããão…


Página 47
A namorada do Garay. Valente.

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