sábado, 10 de setembro de 2011

Jámes cheirava

No final desta época James Rodríguez será um jogador fabuloso. Antes de vir foi comparado, pelos solícitos jornalistas do Porto, a Cristiano Ronaldo. Tem parecenças físicas, mas é um jogador muito diferente. Não é um velocista, como Ronaldo, nem é um jogador físico, como Hulk. A velocidade do seu jogo vem da inteligência e da facilidade técnica. Quando a sua estrutura física assentar vai tornar-se um polivalente, capaz de jogar em qualquer lugar do terreno do meio-campo para a frente.
Note-se que já foi apontado como mais um furto de Pinto da Costa ao Benfica, mas desta vez houve um engasganço na máquina de propaganda. Geralmente só se fala do interesse do Porto depois de se insinuar o interesse do Benfica, para reforçar a ideia de vitória. Acredito até que, mesmo quando não há interesse real do Benfica, se fala dele apenas para ver se pega a ideia de que houve uma ultrapassagem. Às vezes há interesse real – Falcão, Álvaro Pereira, Danilo e outros –, outras não há nada, e outras ainda há desistência do Benfica, antes de começar o sprint. Mas, no caso do James, lembro-me perfeitamente de, um ano antes de se falar de um interesse do Benfica, ter lido num jornal que o Porto já estava interessado em James, tinha ele uns 17 anos. O Bandido saiu da gruta cedo demais…

Em condições normais teriam observado os jogadores, como fizeram com todos os outros, esperado pelo momento certo, e só deixavam sair a notícia depois do empresário do jogador, devidamente industriado, lançar a lebre do Benfica para os jornais. Desta forma, o Benfica nem sequer precisava de conhecer o jogador para ser vencido e para ver o seu «sistema de prospecção» elogiado por Pinto da Costa. É um esquema esperto, mas básico, que depende da cumplicidade de uma imprensa controlada e da inocência dos benfiquistas para funcionar.



Já começou o processo de valorização artificial de Defour. Daqui em diante vamos assistir a uma sucessão de «grandes exibições» do belga, mesmo quando, como foi o caso ontem, a exibição tenha sido perfeitamente banal. Muitas pessoas ainda não perceberam que o propalado alto rendimento, o «pegar de estaca» de que se fala dos reforços do Porto, tem a ver com as expectativas muito baixas em relação às suas funções e ao seu rendimento imediato. Um reforço do Porto tem de impressionar muito pouco para ser imediatamente apelidado de reforço. Geralmente basta-lhe entrar na equipa, passar a bola como deve de ser e não fazer porcaria a defender. A verdade é que um reforço do Porto só é reforço, de facto (quando é) ao fim de muitos meses. Até o Hulk.

O problema com Defour é que o Porto vai querer fazer dele, na imprensa, melhor do que Witsel, para não perder essa pequena batalha do mito da infalibilidade. A imprensa colaborará, desde que o Porto ganhe o campeonato. Nesse caso, será fácil dizer que, «afinal o melhor era mesmo o Defour», quando, na verdade, não parece ser. Não parece…



É tão fácil fazer de guarda-redes banais grandes guarda-redes como, depois, quando chegam aos clubes grandes, fazer deles o que são: banais.

Um guarda-redes que joga em cem metros quadrados (na pequena área) é um jogador de equipa pequena. Um guarda-redes que joga em 800 metros quadrados é um guarda-redes que pode ser de equipa grande. Para não ir mais longe, lembro-me da diferença entre o Neno e o Preud’homme, por exemplo. Ou do Roberto para o Valdés. O único problema do Roberto é não sair da baliza. E chega.

O guarda-redes do Vitória de Setúbal é, claramente, um guarda-redes banal. O Setúbal leva três bolas no poste e, talvez, o golo de James, para além de várias outras jogadas de perigo, porque Diego não saía da baliza nem que tivesse um ninho de cascavéis lá dentro. Só apanha cruzamentos que caem na pequena-área e não tem velocidade para dar quatro passos à frente quando os avançados aparecem. Ao defender só em cima da linha obriga os defesas a jogar cinco metros mais atrás, não dá espaço para o fora-de-jogo e permite o massacre de uma equipa pressionante, como ontem. Além disso, no primeiro golo, precisamente por estar tão perto da baliza e não diminuir o ângulo, foi mal batido, lançando-se tarde. Ou seja, defende as bolas que vão à figura e pouco mais, como qualquer guarda-redes mediano. A diferença entre um guarda-redes mediano e um bom guarda-redes é a sua amplitude de acção.

No final do jogo, os jornalistas dão-lhe setes e oitos por defender muitas vezes. É futebol. Na minha opinião, Diego é vendido em Janeiro, depois de mais umas «grandes exibições» e de algumas entrevistas aos amigos do empresário, e dá o lugar ao Ricardo, que, mesmo com 40 anos, é o dobro como guarda-redes.



Prevejo uma vitória do Sporting para hoje por dois ou três golos em Paços de Ferreira. E tudo vai ficar bem, porque, de repente, o Sporting perde o único factor que lhe complica o futebol: a pressão. O azar do Sporting é que o único factor que lhe complica o futebol é, infelizmente, o único factor realmente importante na diferença entre uma equipa vencedora e uma equipa perdedora: a pressão.



Apesar do barulho mediático, a verdade é que acontece poucas vezes os três grandes ganharem os seus jogos na mesma jornada. Considerando esse padrão estatístico, partindodo prinípio que o Sporting, à quarta jornada, vai ganhar, a proximidade do jogo com o Manchester United, o facto de o Vitória jogar fora de casa, sem pressão, sem adeptos raivosos e com o factor chicote ainda a funcionar, não se pronuncia uma noite auspiciosa para o Benfica.
Acredito que o factor decisivo do jogo vai ser o momento e as circunstâncias em que (e não se…) o Vitória marcar o primeiro golo. O quando e o como. Vai ser um jogo de nervos para o Benfica.

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