quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Choramingos ao retardador

Se a minha Grila Falante sabe que estou aqui em vez de estar a fazer o que devia vai azucrinar-me o juízo, mas não resisto.
Vai ter de ser telegráfico.

Não gostei nada de ver o Witsel e o Gaitán a darem entrevistas de fim de época a meio da época, antes de duas eliminatórias dificílimas para a Taça, mas tenho de aceitar. Ou é isso ou é enfiá-los num buraco, como fazem no Porto, e não os deixar abrir a boca a não ser quando já lhes fizeram o upload da cassete. O Witsel, por exemplo, vai aprender a estar calado, mas para aprender a estar calado, primeiro, tem de ter falado demais. Como foi o caso. Evidentemente, o Record esfregou as mãozinhas e aproveitou para dar mais um bocado de ar ao balão.
Prefiro ver os jogadores a darem entrevistas depois de terem ganho alguma coisa – de promessas falhadas estamos todos fartos, há muitos anos – mas, por outro lado, também é por causa destes disparates que as pessoas acabam por estabelecer empatia com os jogadores e com os clubes.
Se o Porto tivesse sido um clube mais aberto nos últimos anos teria maior popularidade, embora, se calhar, não ganhasse tanto. É uma questão de opção, de filosofia de vida. Não há uma opção completamente certa nem uma completamente errada.
Mas há uma coisa que eu sei: os realmente grandes são os que conseguem conciliar a prestação desportiva à abertura de espírito e ter poder de encaixe. Basta ver como são os grandes campeões de qualquer desporto mundial. Como dizem os Américas, «you gotta talk the talk, and you gotta walk the walk».

«Sei que alguns adeptos querem matar-me pela forma como jogo, mas não posso mudá-la», diz o Gaitán na capa da Bola. Pois não, campeão. Então deixa-te chegar ao Real Madrid, por exemplo, e abancar por cada bola que deres ao adversário dentro do teu meio-campo e vais ver como ganhas logo facilidade em mudar a forma de jogar. Deves pensar que o pessoal cá em Portugal começou a ver bola quando tu chegaste.

O Pinto da Costa veio dizer que nem os animais gostam de estar enjaulados. Vocês até podem pensar que eu sou «buééé» inteligente por conseguir prever o que ele vai dizer, e quando, até quase ao pormenor, mas na verdade não sou – ele é que, ao fim de trinta anos, é completamente previsível. Só se deixa enganar quem quer.

O Choramingos descobriu hoje que foi roubado num jogo em que jogou trinta minutos comum homem a mais sem razão nenhuma para isso. Diz que não percebe como é que o árbitro não marcou penálti numa jogada de canto em que estão vinte jogadores dentro da área.
Isto explica porque é que, ao fim de cinco meses no Sporting, o Domingos ainda não conseguiu ensinar os seus jogadores a não sofrerem golos de canto. É porque ele não percebe.

2 comentários:

  1. As entrevistas eram mesmo desnecessárias. A estratégia de comunicação este ano tem sido muito mais eficaz, pelo menos porque se tem falado muito menos. Triunfalismos quando a procissão vai a meio são sempre dispensáveis.

    Se dúvidas existissem sobre a quem aproveita as cenas tristes que os lagartos têm criado, a intervenção do corrupto-mor acaba com elas. De qualquer modo, penso que a "fina ironia" já foi chão que deu mais uvas.

    O Choramingos encontrou o clube ideal para choramingar - a lagartagem! Claro, precisar de tantos dias para detectar um penalti que não existe, depois de ter elogiado o árbitro no fim do jogo, também mostra que para papagaio, há sempre alguém disponível!

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  2. Em relação ao comentário que o Jorge Nuno fez, dá-me ideia que nem os jornalistas gostam de levar nos cornos.

    O Domingos mostrou que é tão chorão como retardado nas suas memórias.

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