segunda-feira, 16 de julho de 2012

Já acabou?

Depois de um fim-de-semana no Portugal profundo, apanhei a pré-época do Benfica aos 24 minutos do jogo com o Lille, que eu nem sabia que ia haver - e parece que o estágio, entretanto, acabou...

Tenho a tendência para pensar que os jogos de pre-época não servem para absolutamente nada, em termos de perspectiva do que será a equipa ou o comportamento dos jogadores, mas é um preconceito: não seve quase para nada. Os jogadores não correm, o que torna estes jogos, então, quase inúteis, mas dá para ver o que eles tentam fazer, ou seja, o seu estilo.

Fiquei com algumas notas.

O Enzo Pérez tem azar comigo. É, com certeza, um jogador excelente, sensacional, mas no único jogo inteiro que vi dele em competição, no Estudiantes, só vi uma vedeta sem estofo. Hoje, dois minutos depois de eu ligar a televisão, vi a mesma vedeta a sair de campo, eventualmente lesionado. O Enzo Pérez encaminha-se para o desfecho anunciado a partir do momento em que ele, o empresário (o do Rojo, parece…) e o Vieira encontraram a treta da mãe para justificar a devolução à procedência de um jogador que custou a módica quantia de 5 milhões de euros: não voltar a fazer um jogo oficial com a camisola do Benfica.

O que eu fazia dele, neste momento? Emprestadava-o a uma equipa alemã. Quais Argentinas, quais quê. Alemães com ele, frio, tanques e porrada no focinho para aprender o que é o futebol profissional. E a mãezinha, se fosse preciso, ia atrás, que há lá bons médicos.

O Ola John é exactamente o que eu esperava – não um sprinter, não um driblador em velocidade, mas um extremo-pivô, de postura vertical, um jogador equilibrado e de equilíbrios. O melhor de Ola John vão ser os passes, não as fintas. Tem o estilo do Ruud Gullit, sem o cabedal do outro, nem a personalidade exuberante. Ao fim de seis anos, provavelmente, o Maxi Pereira (este ano fresquinho, espera-se) encontrou o melhor companheiro de corredor, para jogar e fazer jogar. Com Ola John, a tendência é para a bola ir e vir, não para ir e ficar, como com Gaitán, por exemplo. Mas se alguém estiver à espera de o ver pegar na bola e fintar dois ou três de seguida em velocidade, tipo Sálvio, esqueçam. Não é o jogo dele.

Quanto ao Melgarejo, não digo nada, a não ser uma coisa que me parece natural: um avançado passa 90 minutos à procura da bola, e geralmente a vê-la à distância; passar a jogar numa posição em que a bola vai ter com eles deve ser óptimo.

Não sei se o Saviola ainda é jogador do Benfica (não é brincadeira, não sei mesmo, ainda não fui aos jornais desde 6.ª feira), mas saio deste jogo com a confirmação de uma ideia que é mais um palpite que outra coisa, mas que é recorrente: continuo a ter a sensação de que o Rodrigo Mora é o segredo mais bem guardado deste plantel de 500 jogadores do Benfica. Gostava muito de ver o Mora fazer 5 jogos seguidos a titular do Benfica. Não vai acontecer. Mas se acontecesse tenho a impressão de que o Benfica achava aqui o principal reforço da época.

Carlos Martins. O que distingue um bom jogador de um grande jogador é a consistência. Não é conseguir fazer as coisas difíceis: é conseguir fazer as coisas difíceis regularmente, de forma rotineira, de maneira que até parecem fáceis. Lembro-me quando  Pacheco e o Paulo Sousa trocaram o Benfica pelo Sporting. O nível do Paulo Sousa no Sporting não foi surpresa, mas lembro-me de ver o Pacheco e a jogar e pensar: «Mas este tipo joga assim tanto?» Foi só aí que percebi a diferença entre o Benfica e o Sporting naquela altura. O Pacheco tornara rotineiras, no seu jogo, as coisas básicas, e difíceis, e ao entrar numa equipa inferior passou de ser um jogador igual aos outros a ser um dos dois ou três melhores.

O grande desafio do Carlos Martins não é o talento, é a consistência. E, aí, ainda está longe de jogadores que, no Benfica, foram bons, mas nem sequer os melhores. Jogadores de segunda linha como Pacheco, Vítor Paneira, Isaías e outros que, como Martins, sem terem classe pura, a adquiriram com o tempo, com o trabalho e com a estabilidade anímica e colectiva.

Quanto ao resto, o Benfica não jogou nada, o que é muito bom. Quando uma equipa joga bem na pré-época é porque não está a trabalhar como deve de ser. É como aqueles jogadores que brilham na pré-época. Só os há de um tipo: os que chegam com ritmo competitivo de campeonatos a decorrer. Não servem para nada. Ao fim de 4 jornadas do campeonato, quando todos os outros estiverem fisicamente bem, desaparecem e banalizam-se.

Na pré-epoca o que se quer é equipas a jogar mal e porcamente e jogadores a arrastarem-se em campo.

1 comentário:

  1. Também acho que o Rodrigo Mora tem mais qualidade do que aquilo que se julga. Mas num plantel com 10 avançados para duas (ou uma...) posições é díficil mostrar-se e mais difícil ainda, JJ escolhê-lo para integrar o plantel.

    O Benfica jogou mal contra o Lille. Mas mesmo mal. Há muito que não via um tão mau jogo de futebol. Mas estou em modo-férias portanto estou-me cagando...

    PS: Estive no Algarve uma semana sem acesso à Net. Nunca mais...

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