segunda-feira, 22 de abril de 2013

Calimero desceu à Terra


Nem sequer cá vinha, porque tenho muito que fazer, mas já fiquei em brasa, pelo que cá estou.

Ponto prévio: o Benfica do Jesus joga tanto hoje como jogou sempre – assim, assim.
A bola é barata, a equipa tem poucas soluções colectivas, ataca de forma individualizada, é muito limitada quanto aos fundamentos do jogo e, por causa disso, tem dificuldades a defender. Tem pontos muito fortes – a velocidade no último terço do campo, o porte fisico, a criatividade de alguns jogadores no ataque e a capacidade táctica individual do meio-campo para trás, incluindo o Matic – e tem uma equipa já relativamente madura que lhe permite ganhar muitas vezes a nível interno, sobretudo porque é muito mais cara que todas as outras à excepção daquela que, como equipa, lhe é superior (a do Porto).

Falta-lhe classe para jogar como o Jesus pensa que ela já joga (porque não joga), e não vai a lado nenhum a não ser se contratar cada vez melhores jogadores para o sistema em que joga. Se este Benfica trocar um Cardozo por um Higuaín, por exemplo, se passar dos Limas, dos Maxis, dos Melgarejos, dos Gaitáns, para jogadores um nível acima, melhora. De outra maneira, nunca vai dar mais do que dá agora.

Nada disto é novo, para mim, e se me enervo com esta equipa é porque ela não dá verdadeiras razões para confiarmos nela. Fé, crença, até podemos ter, mas uma confiança à prova de bala, é impossível, e qualquer benfiquista sereno percebe isto. A todo o momento há a sensação de que esta frágil castelo de «notas artísticas» pode vir por aí a baixo, como veio na época passada. Até pode ser já contra o Marítimo.

Dito tudo isto, convém meter as coisas no seu lugar, tal como o Jesus fez, sem espinhas, quando disse que a Académica também foi um jogo difícil para o Benfica, e que o Paços de Ferreira também teve muito a bola a meio-campo quando jogou na Luz (Impagável!).

O Jesualdo Ferreira, que treina uma equipa do Sporting que está a 37 pontos de distância do primeiro lugar (!), teve tempo, entre a boca do túnel e a conferência de imprensa, de passar das dúvidas à certeza de que o Sporting foi roubado em quatro – quatro! – penáltis.

Só não teve dúvidas, em nenhum dos casos, em dizer que o Sporting foi melhor que o Benfica.

Ora bem…

O Sporting, que anda a fazer estágios semanais em Alcochete há mais de três meses – no futebol moderno, quando uma equipa tem seis dias para preparar o próximo jogo, é um verdadeiro estágio –, jogou na Luz contra uma equipa do Benfica:

- que tinha de ganhar e dar espaços na defesa, perante um adversário com jogadores talentosos no contra-ataque;

- com mais dez jogos nas pernas dos seus elementos nucleares, para não falar dos toques e das mazelas que são inevitáveis nesta altura da época (uma equipa já nitidamente na reserva, como se tornou evidente, e que ainda tem o mês das decisões pela frente);

- com uma sucessão de jogos com um nível de exigência anímica permanente que o Sporting já deixou de ter há meses;

- com uma meia-final decisiva, a ser jogada na Turquia, à distância de quatro dias;

- sabendo perfeitamente que jogava perante uma equipa inferior, e que a chave do jogo estava na finalização.

O Sporting, que estava à espera de ser passado a ferro, teve muito mais a bola do que contava. Teve a bola no meio-campo (onde, como apontou o Jesus, não se marcam golos) e, em frente à baliza, os seus jogadores fizeram aquilo que melhor sabem fazer: atiraram-se para o chão.

O miúdo Bruma vai ser mais jogador que qualquer um daqueles artistas de circo. Tem mais futebol que eles todos juntos, incluindo o «matador».

Dos quatro «penáltis» que, segundo o Urso de Carvalho não deixaram os avançados do Sporting rematar, nenhum  - nem um! – o é. Apesar de em todos haver contacto.

No primeiro, o Garay faz o carrinho ao lado do Volfswinkel que, como se vê perfeitamente na repetição por trás da baliza, sai da sua linha e vai à procura do contacto. Se o Volfswinkel tivesse mantido a corrida a direito não teria havido contacto, teria rematado e, provavelmente, sem se desequilibrar com esse contacto, teria marcado golo. Não se decidiu se queria marcar, proteger a bola ou provocar o penálti e não conseguiu nenhum dos três, mas penálti não há nenhum.

No segundo, quando o Maxi toca no Capel já a bola passou, já o Capel percebeu que não vai a lado nenhum e já se atirou à procura do contacto. É uma jogada de ratice, em que o árbitro, e bem, não caiu, porque o contacto que há não tem nada a ver com o falhanço do Capel. A jogada é rápida e os dois jogadores falham a bola.

No terceiro, os dois jogadores estão a agarrar-se, o Viola escorrega quando vai a arrancar, desequilibra-se, e depois tenta aproveitar a confusão para sacar o penálti. Houve vinte jogadas daquelas em que não houve falta, metade delas contra o Sporting. Ali seria falta porquê? Porque era a favor do Sporting? Porque o Calimero desceu à Terra?

No quarto o Viola atirou-se contra o Jardel.

Tivemos hoje mais um episódio da interminável saga calimérica do Sporting, a que não faltou a indispensável esperança no futuro, baseada na talentosa juventude que, na cabeça dos sportinguistas, vai ter todo o tempo e todo o espaço para crescer viçosamente.

Na realidade, o que é que vai acontecer?

O que vai acontecer é que, no fim das próximas duas temporadas, cheias de vitórias morais e de erros colossais de arbitragem, esta gloriosa juventude, que não tem estaleca para dar a volta a plantéis com jogadores superiores em experiência e categoria, vai ter acabado mais dois anos em terceiro ou quarto lugar, vai ser vendida a retalho, primeiro o Bruma, depois o Illori, o Dier e os outros, como antes já foram todos os grandes talentos do Sporting – ao desbarato – e vai ser desfeita para se começar de novo, com a SAD já vendida a um angolano qualquer.

O caminho, para o Sporting, era muito mais o do Duque e do Freitas que esta pseudo-solução de meter os juniores a fazer de seniores. A solução é ganhar, e só se ganha com jogadores experientes. Não é só com tempo, como sugeriu o Jesualdo. Os jogadores jovens, a entrarem, só podem ser um ou dois em onze, e tem de ser aos poucos, como o Jesus faz. Essa é que é a realidade em qualquer grande equipa europeia. Se o talento jovem fosse suficiente para vencer jogos os Real Madrid, Manchester United, Bayern e outros não andavam a comprar experiência e carácter, compravam uma mão-cheia dos melhores putos do mundo e punham-nos a jogar. Isso não existe. De quarenta em quarenta anos lá aparece um Ajax, mas mesmo essas equipas excepcionais duram duas ou três épocas e desaparecem.

Sem vitórias não há projectos, e sem maturidade não há vitórias. O resto é lirismo. Não esqueçamos, nestas fantasias, que não basta ao Sporting ter uma boa equipa de jovens: tem de ter uma equipa de jovens que ganhe ao Porto e que ganhe ao Benfica no mesmo ano. Ou o Sporting vai desistir, definitivamente, de ser campeão? E daí até se tornar num Everton demora quanto tempo?

Equipas como esta do Sporting são equipas que, como disse o Jesus e muito bem, não fazem a diferença em frente à baliza, que só ganham um campeonato por acaso – algo que dificilmente acontecerá considerando a distância a que o Porto e o Benfica se encontram – e que não vão a lado nenhum.

A verdade crua e nua? A este Benfica, que nem sequer é nada de especial, bastou fazer um jogo certinho, baço, e duas jogadas com mais de quatro passes, para ganhar a este Sporting.

9 comentários:

  1. Excelente comentário, Hugo. Acho que o Benfica hoje jogou poupado, a acreditar que resolveria, mais tarde ou mais cedo, como resolveu. Acho que se nota, como bem disseste, algum desgaste, na equipa. A ver vamos como saem as coisas. Mais até do que o jogo na Turquia, preocupa-me o jogo com o Marítimo, esse sim, decisivo para o campeonato.

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  2. patriarca disse:

    Excelente exposição dos factos passados no jogo, NESTE JOGO, porque o Jesualdo Bebedeira, não viu o mesmo jogo, ainda está virtualmente a "treinar o Porco" e não as lagartixas. Treinador Nojento que pensa que pode continuar a fazer tudo à SUA maneira e os outros os que trabalham com LIZURA de Procedimentos que se lixem. A Escola CORRUPTA do Porco é no que dá, VÍCIOS SABUJOS INSANÁVEIS.
    JESUALDEKO apanha mas é a A37, senão ainda mudas de Auto-Estrada Esta Época.

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    1. Para quê escrever palavras difíceis a maiúsculas se nem sequer as sabes escrever. Digo-te isto com lisura.
      Quanto ao post e os penalties: AHAHAHAHAH
      É o Capelabote.

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  3. De facto com putos eles não vão lá. Mas entre jogar com os putos e jogar com os Boulahrouzes desta vida, se calhar até será melhor meter a canalha dentro do campo. Não acredito que para o ano o Sporting não tente trazer mais calo para o plantel. O Jesualdo não é burro nenhum e, ao contrário do Bruno de Carvalho & Friends, sabe muito bem que com garotada não saem do meio da tabela.

    Este Sporting está mais verdinho que nunca, e não é (só) da cor das camisolas. Olha-se para a equipa a jogar e não se vê um pingo de manha, de astúcia, de ambição ou de talento. Nem num jogo em que não tinham nada a perder e onde poderiam dificultar bastante as contas do título do eterno rival. E depois quem os ouve falar parece que sufocaram o Benfica quando este jogo, a ter um vencedor, só poderia ser um. Começa a tornar-se assustadora a falta de orgulho próprio da lagartagem. É este tipo de mentalidades que marca o início do fim de um clube, e não a longa ausência de títulos ou os passivos gigantescos.

    Espero bem que o Benfica tenha jogado poupado, ou então que tenha sentido a falta de ritmo resultante de tantos dias sem jogar. É que a mim preocupa-me bastante a lentidão de processos da equipa, tanto a agir como a pensar. Os casos mais gritantes foram os do Enzo e do Salvio. O primeiro andou completamente perdido em campo, e o segundo nem correr conseguia. Se isto se deve ao cansaço acumulado, então vamos ter um mês de Maio (ainda) mais complicado que o previsto. Haja fé e estrelinha de campeão.

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  4. Está feita a análise ao Benfica B. Para quando uma à equipa principal?

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  5. Ou tás bebado ou és um "Mané" nas questões de futebol.
    Não, estou enganado, és um bi-polar a necessitar urgentemente de cuidados.
    Deves ter sido enrabado em pequenino e por isso essa enorme desaranjo patológico.
    Não te cures, nÃO.

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  6. Azia...o que me ri...ahahahahahah

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  7. Concordo com a análise aos penalties. Não foram penalties, nenhum deles, os calimeros que já têm isso no ADN, tentavam atirar-se para o chão barafustando mas o Capela, que até é sportinguista, não foi na fita.

    E estou de acordo com o JJ, o Benfica ganhou limpinho e o árbitro esteve impecável. Que todas as arbitragens fossem assim.

    Quanto ao resto...

    "... é muito limitada quanto aos fundamentos do jogo".

    Gostava que me explicassem o que são "fundamentos do jogo". E já agora, aproveitando a embalagem, podiam também definir "fio de jogo". Tudo conceitos que eu não entendo nem sei o que é, mas penso que sei a razão porquê.

    A equipa continua a ser um "trabalho em progresso", pelo que devido à sua juventude e grande margem de progressão ainda não vimos os seus limites. Talvez o consigamos ver para o ano a caminho da final da Champions quando lhe adicionarem mais dois ou três reforços de peso. Dois já estão.

    PS. Entendo o desejo, mas confiança à prova de bala numa equipa é uma impossibilidade, seja qual for a equipa. A incerteza faz parte da vida. E é esta incerteza que atrai tanto as pessoas para o futebol.

    A vitoria de ontem lembrou-me outro jogo, a vitória do Inter de Mourinho na última final da Champions com o Bayern. Duas vezes à frente... dois golos. Chamem-lhe cinismo. Eu chamo-lhe outra coisa.


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  8. Se o Gomes da Silva tivesse lido os teus postes talvez calasse o andrade e o lacoste de vez...ou talvez a conversa fosse outra.

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