domingo, 26 de maio de 2013

Nós, pecadores


E agora, que tudo acabou, é altura de falar.

Durante muito tempo, desde que me lembro de ver um jogo de futebol com alguma capacidade crítica, pensei que o Benfica me fazia ser pessimista. Quando o Benfica jogava, eu via uma coisa e, depois, lia os jornais, falava com outros benfiquistas, e ouvia tudo ao contrário.

Onde eu via falta de colectivismo os outros viam «grande virtuosismo» individual. Onde eu via jogadas esporádicas os outros viam «golos de antologia». Onde os outros viam «grandes equipas» eu via campeonatos ganhos pela porta do cavalo, por equipas medíocres em condições excepcionais.

Isto aconteceu tantas vezes que eu comecei a pensar que, por causa dos nervos, ou por qualquer complexo psicológico, o jogo que via não era o jogo real mas o que eu queria ver como pessimista inato.

Com o tempo, acabei por perceber duas coisas: que eu tinha quase sempre razão; e que ter razão, como benfiquista, é um lugar solitário.

Sim, é verdade que de vez em quando atiro ao lado. Às vezes um pouco ao lado – como quando previ que o Benfica ia ser campeão no ano passado, quando quase toda a gente dava o campeonato como entregue, à partida, a um Porto que tinha acabado de fazer a melhor época na história do clube – outras vezes muito ao lado – como quando, no princípio desta época, disse que o Sporting ia ser campeão (!!!!!).

A este propósito, num aparte, devo dizer que assistimos, este ano, a uma das épocas mais assombrosas, senão a mais assombrosa, de que há memória, considerando o ponto de partida e o ponto de chegada do Sporting, ambos extraordinários (o treinador no início do ano era um Sá Pinto talhado no destino para um sucesso inevitável, o presidente era o Godinho Lopes, os dirigentes os supercompetentes Duque e Freitas, o investimento o maior na história do clube, e fizeram a pior temporada em mais de cem anos); o conjunto de resultados do Benfica, a forma como começou, como decorreu e como acabou; e até o notável campeonato do Porto, que acaba outra vez sem perder um jogo, sendo que, mesmo assim, a três jornadas do fim dava o campeonato como perdido.

Sim, atiro algumas ao lado, mas nas coisas importantes, nomeadamente sobre o Benfica, e no longo prazo, as coisas vão bater sempre àquilo que eu previ. Não é cepticismo: é realismo e sensatez.

Quando o Benfica ganhou o campeonato de 1994 percebi que aquilo não significava nada. Não significou.

Quando o Benfica abandonou Artur Jorge em mar alto, no ano seguinte, e Manuel Damásio deitou tudo por terra para agradar aos fundamentalistas das ilusões, percebi que era um erro histórico. Foi. Histórico.

Era o momento em que o Benfica podia ter mudado, em que tinha a pessoa certa, o contexto certo, em que tudo estava onde devia estar para começar a inverter um caminho de sete anos de erros. Tudo morreu num assomo de populismo e sobrevivência política.

Para verem como a propaganda se enraíza, ainda hoje faz escola a tese do «erro histórico» que terá sido «desfazer uma equipa campeã» e contratar Artur Jorge. Um perfeito disparate. Artur Jorge tentou, contra tudo e contra todos, mesmo contra os seus dirigentes, instituir no Benfica uma cultura de colectivo, de equipa, de superação; criar de raiz uma forma de actuar que tinha tudo a ver com o que fez o Benfica grande desde sempre (um Benfica que ele conhecia, porque tinha jogado nele). A equipa campeã era, na verdade, uma equipa medíocre, com jogadores cheios de vícios, sem espírito de grupo, sem qualidade colectiva, vivendo de soluções casuísticas, levada ao colo pela sorte desde o primeiro dia do campeonato e acabando por conquistá-lo graças ao maior milagre nos anais do futebol português (o 6-3 de Alvalade), e, em grande parte, à automutilação precoce do futuro pentacampeão Porto, que nesse ano chegou a andar em sétimo com o Tomislav Ivic a treinador.

Despedir Artur Jorge, acabar com o seu projeto, a favor da manutenção do poder por via da satisfação da opinião pública benfiquista, esse sim, foi um dos maiores erros na história do clube

Quando, com Damásio, começaram a chover jogadores às centenas e treinadores às mão-cheias para satisfazer, a cada início de época, as ilusões dos adeptos, cada vez mais disponíveis para ignorarem o passado de esforço e trabalho do seu clube a favor de promessas de banha da cobra e vitórias fáceis, vendidas por biltres cada vez mais peganhentos. Até uma capela se construiu no Estádio da Luz.

Quando, com mais uma vitória construída pelo acaso ou por árbitros corruptos, eu via o povo embandeirar em arco enquanto pensava que aquilo era apenas palha para alimentar o fogo daquele inferno de onde, com as labaredas cada vez mais altas, se tornava cada vez mais impossível algum dia vir a fugir.

Em todos esses momentos a verdade era, para mim, evidente, e em todos eles eu, impotente, ouvia os meus compatriotas benfiquistas a alegremente deixarem-se enganar. Invariavelmente, eles iam chegando ao sítio onde eu, por antecipação, já há muito sofria.

Nunca dei um pontapé numa bola dentro de um campo de futebol, nunca tirei nenhum curso, de futebol e só sei sobre bola o que fui aprendendo como observador, mas falo, hoje, com toda a legitimidade de quem anunciou o que ia acontecer mesmo quando todos andavam entretidos a construir castelos de areia.

Eu disse o que ia acontecer não depois de derrotas mas depois de vitórias, e de vitórias importantes. Na maior parte das vezes, falei sozinho.

Por isso, meus caros, hoje falo eu.

 

Há muita coisa que se pode chamar ao grande universo de benfiquistas que está disposto a embarcar em qualquer barco para fugir à verdade. Fazem-no tanto por fraqueza de espírito como por paixão; fazem-no porque são humanos, e ao homem, seja vermelho, azul ou verde, quando a realidade não serve o primeiro instinto é negá-la. É uma espécie de reflexo de autopreservação.

Pode-se dar muitos nomes a estas pessoas, a maior parte com uma carga negativa muito forte. Como não devemos dividir-nos nas derrotas, eu vou apenas chamá-los de crédulos.

Tenho a certeza absoluta que vão pensar mal de mim por isto que vou dizer, e se calhar até insultar-me, mas paciência. Como disse Gramsci, há muito tempo, «dizer a verdade é o acto mais revolucionário», e o Benfica precisa da verdade.

A primeira verdade é esta: se se quiser formar uma cultura de vitória, a opinião dos crédulos não pode valer o mesmo que a opinião dos outros, dos que não se limitam a acreditar com muita força.

Graças a vocês, crédulos que me estejam a ler (e vocês sabem se o são) o Benfica é o maior, porque vocês fazem o número e todos os exércitos são, antes de tudo, número.

Mas também é por causa de vocês que o Benfica não é o melhor.

Porque vocês são fáceis de manipular por quem ambiciona o poder, e quando essas pessoas percebem como vocês são fáceis de manipular com mentiras e meias-verdades escondem a verdade. Ao esconderem a verdade, quando o que há não presta, o que essas pessoas fazem, indirectamente, é manterem aquilo que não presta e perpetuar o fracasso.

Posso enumerar muitos dirigentes que o fizeram. Posso começar por Gaspar Ramos e seguir com Jorge de Brito, Manuel Damásio, João Vale e Azevedo, Manuel Vilarinho, José Veiga, Luis Filipe Vieira, só para enumerar os principais.

O último grande dirigente do Benfica chamou-se Fernando Martins e perdeu, tragicamente, a eleições de 1987, porque disse a verdade – porque não vendeu banha da cobra, porque disse que o Benfica não podia viver acima do que podia. Nesse desastroso momento em que João Santos, o testa-de-ferro de Jorge de Brito e Gaspar Ramos, ganhou as eleições com promessas de «um Benfica para a Europa», contaminado pela campanha europeia do Porto dessa época, os políticos do Benfica perceberam que os benfiquistas já não queriam realidades mas sim quimeras. E assim se passaram 26 anos, na sua esmagadora maioria miseráveis.

Eu não culpo os políticos. Os políticos são e serão políticos, e todos os políticos jogam com aquilo a que Gaetano Mosca, um sociólogo italiano, chamou de «fórmula política». A fórmula política é o conjunto de crenças e valores que estão na moda, ou que vai, num futuro breve, mobilizar as pessoas. Interpretando a fórmula política, os políticos ascendentes, através da promessa de bem as representarem, capturam as massas, e ao capturarem as massas sobem ao poder. Enquanto dominarem a fórmula, controlam as expectativas das pessoas, e mantêm-se como elite governante.

Eu não culpo os políticos. Culpo-nos a nós.

Somos nós que, em espaços como este e como centenas destes, na Internet, no trabalho, na escola, no café, determinamos a fórmula política. Não nos enganemos: nós, a arraia-miúda, seremos sempre dominados, porque o grande número não se consegue, nunca, organizar, ao contrário daqueles que pretendem constituir-se como elites. Mas a questão não é o sermos ou não governados: a questão é o preço que estabelecemos para nos deixarmos governar.

Não é a mesma coisa ser governado à deriva e ser governado a caminho de um Novo Mundo.

Somos nós que devemos estabelecer o nível de exigência, marcar a bitola da governação. Se o fizermos, em pouco tempo aparece o governo que nos levará onde queremos. Os políticos têm essa faculdade. Há sempre algum que acaba por dar com o cheiro do poder.

 

Talvez estivessem à espera, hoje, de me ouvir falar sobre o Jesus, sobre o Cardozo, sobre o Vieira, sobre o Porto, sobre o bruxo de Fafe, sobre o minuto 92, sobre a sorte e o azar, sobre essas coisas todas.

Não.

Tudo isso é secundário.

Este momento é demasiado importante, na história do Benfica, para passar com a espuma das manchetes da Bola de amanhã. Não é um momento igual aos outros. É o momento mais importante na história do Benfica dos últimos 26 anos, que isso fique bem claro para todos.

Hoje, o meu dever, como benfiquista, é começar pelo princípio, e pôr as cartas em cima da mesa. Começar pela verdade mais importante. Pelo pecado original.

O pecado original é a estupidez assumida como natural pelos próprios benfiquistas.

Os benfiquistas não são estúpidos. Apenas assumiram como verdadeira a ideia de que não se espera deles que pensem. Aceitaram esse estereótipo. Mas o estereótipo é falso. O benfiquista é exactamente o contrário. O benfiquista tem o futebol na massa do sangue. É inteligente, pertence à cultura futebolística mais próspera de Portugal, tem o passado mais preenchido, pertencem-lhe os maiores triunfos e os maiores desaires, é um clube da maior glória e do maior drama. O Benfica transformou o futebol e transformou este país porque ousou fazer o que ninguém mais teve a audácia de ousar. O Benfica não é apenas o maior clube português, é também a nação futebolística mais rica de Portugal, e uma das mais ricas do mundo. Eu sei, porque conheço a história dos maiores clubes do mundo, e as que se equiparam à do Benfica contam-se pelos dedos de uma mão. Perto da história do Benfica, a história do Port, por exemplo, é irrelevante. É algo inerente, que existe apenas à sombra de.

O pecado do Benfica, e a raiz dos seus fracassos actuais, é este. O de aceitar o rótulo de clube acéfalo, indigente e parasitário que andam a tentar colocar-lhe há trinta anos.

 E se não colocarmos essa mistificação, hoje, em cima da mesa, para a semana já ninguém se lembra, porque vem o Markovic, o Djuricic, o Alain Delon, o Donizete, o Jeremias, e já ninguém quer saber de mais nada a não ser da próxima quimera, que acabará como todas as quimeras anteriores se se partir do princípio que, para resultar, basta não pensar.

Eu vou falar dessas coisas todas. Vou falar do Jesus, claro. E calhar, quando o fizer, já ele é treinador do Porto. Não há problema. O que eu penso do Jesus já foi escrito neste blog muitas vezes e não muda quando ele passar a ser treinador do Porto.

(Sim, é evidente que o Jesus sempre percebeu que teria poucas condições para continuar no Benfica se não ganhasse nada, daí não se ter comprometido até agora.

Sim, também é evidente que a única razão que Pinto da Costa teve para continuar a fazer de conta que está a negociar com o Vítor Pereira, quando, na verdade, ambos sabem que ele vai sair, foi esperar pela final da Taça, que, em caso de derrota do Benfica, lhe poria Jesus nos braços e lhe daria o maior troféu na sua história como presidente do Porto, para pendurar na parede.

Sim, é claro que Vieira foi manipulado por Jesus, que foi o último a pestanejar, forçou o presidente a comprometer-se publicamente, nunca disse que sim nem que não, e agora o tem preso pelos tomates.

E sim, reafirmo o que já aqui disse: Jesus no Porto é capaz de ser a melhor coisa que pode acontecer ao Benfica nos próximos anos.

To be continued.)

Vou falar de tudo isso, mas o que eu quero que vocês percebam, e daí ter escrito tudo o que ficou dito atrás, é que quando eu falar dessas coisas não devem partir do princípio de que todas as opiniões são igualmente válidas. A minha opinião vale mais. É melhor. Que isso fique claro.

Seria politicamente correcto dizer que a minha opinião é só mais uma e vale o que vale, mas não é verdade. A minha opinião vale mais do que 95 por cento das opiniões que vocês vão ouvir nas próximas semanas por essa ciberesfera fora.

Chamem-me presunçoso, arrogante, cagão, vaidoso, exibicionista, narcisista, estúpido, deficiente, complexado, ignorante, parvo, chamem-me o que vocês quiserem, mas façam um favor a todos nós, benfiquistas, e ao clube que amamos: não cometam o erro de desvalorizar a minha opinião só por orgulho.

Para isso já temos o Jesus, e vejam a bela merda que está a dar.

Antes de me ir embora, e para não vos deixar a insultar-me no vazio, quero deixar-vos a minha habitual nota de optimismo.

De todos os males que têm atingido o Benfica neste 26 anos houve um que foi o mais perverso de todos, porque é o mais contra-intituitivo de todos e o que mais nos leva à negação da realidade, por mexer com a nossa paixão mais profunda. Este ano esse mal esteve quase a repetir-se, mas a uma escala inédita.

 Qual? Este, tão simples quanto traiçoeiro: o de ganhar sem ser o melhor.

Este é o melhor momento para dizer isto, porque perdemos tudo. Eu próprio jamais o conseguiria dizer se tivesse sido campeão. Seria pedir-me demasiado. Não sou de ferro. Eu lembro-me daquele 6-3 em Alvalade, o meu dia mais feliz como benfiquista. Lembro-me bem e há uma coisa que sei: se essa vitória, a maior na história do Benfica, não tivesse acontecido, e se o Sporting tivesse ganho o título que merecia, se o Benfica não tivesse sido campeão, a década seguinte, a pior da história do clube, teria sido completamente diferente. E, mesmo assim, para verem como o conflito interior é enorme nestas coisas, não sei se não valeu a pena. Não sei se não valeu a pena entregar dez ou vinte anos na história do clube por aquele dia em que tudo aconteceu ao contrário e em que nos sentimos tocados por um deus qualquer.

Da mesma forma, se não tivéssemos ganho os campeonatos mal amanhados em  1988 e 1990, os anos 90 não teriam sido o que foram.

Se não tivéssemos ganho o campeonato do Trapattoni jamais teríamos passado pelo que passámos nos anos seguintes.

E arrisco a dizer que, sem o título do Jesus no primeiro ano, neste momento já seríamos não só campeões como, pelo menos, do mesmo nível do Porto, e jamais teríamos passado por estes três anos de frustrações e, nalguns casos, de humilhações.

O Benfica deve ganhar quando for o melhor. E se demorar dois, três, quatro ou cinco anos, que demore. O desafio é precisamente esse. Trabalhar para ser o melhor no meio das adversidades, mesmo das maiores, como é a de se perder três títulos em quinze dias. Se conseguir resistir à frustração, se conseguir continuar a fazer pelo melhor, o Benfica voltará a ser o nosso orgulho. Senão, deve continuar a perder. E vai continuar a perder.

Mas, se conseguir passar pela tempestade e chegar ao Novo Mundo, com mérito, e não por sorte, o seu sucesso será permanente. Será isso mesmo, um Novo Mundo, um novo continente, e não apenas uma pequena ilha onde se vai dar por acaso e que pouco significa. Nessas ilhotas, nesses campeonatos, nessas Taças da Liga, nessas finais, não há nada senão alguma água fresca, que serve para matar a sede mas que se esgota depressa, que cria ilusões mas não realidades.

E só para verem como acho isto importante, não é do Jesus que vou falar no próximo post, mas desta instituição do mérito que é a pedra basilar ao projecto do Benfica.

Vou fazê-lo com a convicção de quem, há vinte anos, perante a instituição crescente do facilitismo, já pensava assim. De quem sabe, hoje, que já na altura tinha razão, e que hoje continua a ter.

39 comentários:

  1. Mete mais tabaco nessa merda. És um idiota assim como o JJ, chega de idiotas.

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    1. Isso tem ar de ter sido escrito por um gajo inteligente...

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    2. Encaro como um elogio.

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  2. Vês as coisas demasiadamente na perspectiva da História, e cometes alguns erros de avaliação. Por amor de Deus, o 6-3 ao Sporting foi a maior vitória da história do Benfica?! Acho isso um exagero completo...

    Isto não é bem um post, é um teaser...

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    1. Junta-lhe o contexto em que aconteceu e não há volta a dar.

      Abraço. «No hard feelings»

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  3. Um texto grande que espremido dará... quase nada? Por isso vou ter de o ler mais duas ou três vezes. À procura de algo.

    A diferença entre o sucesso e o fracasso tem a largura de um cabelo. Detalhes, detalhes! Apenas isso! Tudo o resto são tretas!

    PS. Nada acabou. Isto foi apenas uma pequena pausa numa grande viagem.

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    1. Não sei qual é a largura de uma ideia.

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    2. E tu também não, diga-se.

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  4. Se não fosses parvo, o que gostarias de ser?

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  5. Olha uma coisa,o Artur Jorge é que ia revolucionar o Benfica para ser um grande clube? Estás a gozar? Com Hassans, Nelos e Tavares? Tem dó...

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    1. Quando tiveres tempo vai à enciclopédia, capítulo «Anos 90». e vê quantos Hassans, Nelos e Tavares é que o Porto teve durante o pentacampeonato.

      Grandes revolucionários foram os Van Hooijdonks e os Preud'hommes. Com eles, o Benfica tornou-se logo grande outra vez.

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  6. Continuas a ser o Blogger a escrever com mais lucidez sobre o Benfica. Infelizmente tiveste razão antes do tempo. Quando disses-te que só voltarias a escrever após a Taça, vi o barco mal parado. E agora afundou. Espero anciosamente pelo próximo post.

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  7. infelizmente, não tenho sido um leitor deste blog...como devia ser!
    o melhor post que li na ressaca...o meu sentimento contigo é de: FRATERNIDADE!

    não estamos sozinhos...mas somos só 17%, o tempo (pouco tempo) dirá, se duplicamos, ou desaparecemos!
    tal como no poker, agora é all in, pois começar outra época com esta gente...é isto mesmo: ALL IN para o meu benfiquismo!

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    1. Muito bem visto e sentido.

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    2. Essa é a parte boa: a verdade nunca desaparece. Podem enterrá-la debaixo de vinte camadas de esterco, que ela acaba sempre por arranjar maneira de vir ao de cima.

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  8. Obrigado! Simplesmente um dos melhores textos que já li na blogosfera benfiquista, e que reflete por completo aquilo que sempre pensei mas conseguia exprimir. Não concordo com a tua análise ao Artur Jorge, mas de resto sublime. E cada vez mais acredito que o futuro do Benfica passa pela blogosfera. É aqui e noutros blogs que se pratica o verdadeiro benfiquismo, é aqui que vejo Benfiquistas de verdade a irem ao fundo da questão, a pensarem em ideias e iniciatiavas interessantes e que realmente podem agitar a pedra basilar do sistema. Porque antes de nos virarmos para fora (arbritagens, sistema, porto, porto b (que equipa de verde e branco), liga, FPF, etc) temos de corrigir o que se passa cá dentro. Como por exemplo a ideia de sermos o maior, eu não quero ser o maior, quero ser o melhor!! Quero ser o MAIOR porque os somos os MELHORES! Esta soberba acéfala que tomou conta de muitos benfiquistas é um dos grandes problemas do Benfica de hoje e uma das grandes vantagens do porto. É uma fonte de motivação enorme do porto, porque apesar de eles serem os melhores dos últimos 30 anos (o que dói escrever isto, sinto-me a trair o meu benfiquismo...) nós continuamos a mandar foguetes e a espingardar que somos os melhores mas não somos e isso motiva-os e com razão, quem é que não gosta de ganhar ao gajo arrogante que diz que é o maior quando todos sabemos que não é?? É preciso admitir os problemas para os corrigir, e a nossa falta de humildade prejudica-nos e favorece-os. Admitamos de uma vez por todas que, NESTE MOMENTO, eles são melhores porque se o fizermos não só lhes retiramos uma das maiores fontes de motivação que eles têm, como passámos a ser nós a usá-la. É mais fácil ser o "underdog" do que defender o estatuto em se tem tudo a perder e que quando se ganha é o mais provável. Pensem nisso e pensa muito seriamente em criar uma candidatura a direcção do Benfica juntamente com outros bons Benfiquistas como GNB e o ontem vi-te no estádio da Luz. Asério fazem falta benfiquistas como vocês ao Benfica. Abraço benfiquista

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    1. Num clube democrático, como é o Benfica, o verdadeiro poder não está na cadeira do presidente, mas na opinião pública.

      E o único poder que eu quero, e de que preciso, é o de falar, de semear ideias e de pôr os benfiquistas, como um todo, a fazerem o melhor pelo seu clube, ainda que o melhor não seja aquilo que eu penso.

      Mesmo que tenha de ser o gajo que atira pedras aos ídolos de pés de barro.

      Sobretudo se tiver de ser o gajo que atira pedras aos ídolos de pés de barro.

      Aparece, contribui, e traz outro amigo também. Fazem cá falta.

      Abraço.

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  9. Vladimir Kaspov27/05/2013, 16:36:00

    Comentam aqui senhores que ainda acham que está tudo bem!

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  10. Como sempre sempre certeiro ( mesmo que passe ao lado ) e mordaz.

    Essa do Sporting ir ser campeão,ainda me está entalada na garganta... : )

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  11. Dando de barato que tens razão em tudo o que escreveste (que até concordo em parte, tirando uma ou outra coisa, onde incluo o trecho do Artur Jorge! Apre!), diz-me só uma coisa: quem vês tu como candidato a presidente? Um presidente que traga uma estrutura que mude tudo isto? Vamos pensar apenas em possíveis candidatos com os tais anos necessários de sócio que a última alteração dos estatutos agora obriga a ter. Será que há alguém? Quem? Por favor não me fales do Bruno (sem de) Carvalho ou no Rangel! Quem? Será que em 200 e muitos mil sócios não haverá alguém com todas as características que tu apontas como as que faltaram a todos os últimos 5 ou 6 presidentes?

    O problema é que se essa pessoa (ou pessoas) existem, andam escondidas... dizer que temos de mudar podemos todos dizer (bem, muitos não o dizem, é certo), mas e se não aparece ninguém, como nas últimas eleições? Se tem aparecido um candidato com uma equipa diretiva credível tenho para mim que não haveriam jogos sujos e difamações que o impedissem de ganhar. Mas voltando ao início do meu comentário, onde andam esses seres?

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    1. Já lá está esse homem-Jose Eduardo Moniz, aquele que pode fazer o que expressa este post-a "instituição do mérito", e não este benfica de um pato bravo.

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    2. O Moniz só se pode candidatar em 2020, por causa da tal condição de ter os últimos 10 anos de quotas pagas consecutivamente, sem falhas. E estamos em 2013.

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    3. Não tenho dúvidas que, entre milhões, há pessoas que têm capacidade. Mas a condição para essas pessoas aparecerem é os benfiquistas, enquanto corpo, aceitarem uma nova forma de pensar, que permita que essas pessoas não pareçam uns lunáticos se aparecerem como candidatos a dizer, por exemplo, que uma cultura de exigência implica deixar de falar dos árbitros.

      Diz-me: se um homem sensato, realista e humilde, ainda que inteligente, aparecesse hoje como cadidato à sucessão do Vieira, sem fazer promessas idiotas, que figura é que achas que ele faria junto dos benfiquistas? Que percentagem faria?

      Eu vejo o problema exactamente ao contrário.

      Criemos, nós, um novo paradigma, estabeleçamos, nós, um Benfica inteligente, humilde, recuperemos nós o Benfica que existe realmente debaixo destas camadas de demagogia e soberba que lhe foram pondo em cima desde há trinta anos, e o nome do tipo que se senta na cadeira da presidência é o menos importante.

      Deixemos de nos untar com banha da cobra e os vendedores de banha da cobra passarão a pregar noutras freguesias.

      Só isto.

      É lento? É. Demora tempo? Demora. Mas é possível? Claro que é.

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    4. "Diz-me: se um homem sensato, realista e humilde, ainda que inteligente, aparecesse hoje como cadidato à sucessão do Vieira, sem fazer promessas idiotas, que figura é que achas que ele faria junto dos benfiquistas? Que percentagem faria?"

      Na mouche.

      Hoje não se vota pelo mérito dos responsáveis. Vota-se pelo medo. Pelo "... pelo menos, com este, já sei o que a casa gasta...".

      É o medo crónico do Vale e Azevedo a vir ao de cima.

      A minha pergunta, já que eu tinha apenas dois anos quando ele foi eleito. é se o VeA também apareceu como uma figura séria, honesta e humilde?

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    5. O Vale e Azevedo apareceu do nada. O Vale e Azevedo foi o reflexo da total ausência de valores e de exigência em que os benfiquistas tinham caído. O vazio absoluto.

      Vale e Azevedo nunca deve ser esquecido, porque Vale e Azevedo, não por ser o burlão que era, mas porque chegou ao poder no Benfica como Hitler chegou ao poder na Alemanha, pela mão de um povo alienado, disposto a tudo para chegar onde não sabia nem queria saber.

      Vale e Azevedo é o grande caso sociológico na história do Benfica.

      Vale e Azevedo devia ser ensinado na catequese de todos os benfiquistas, não como uma vergonha mas como um exemplo da degeneração do povo.

      Vale e Azevedo merece um iivro, porque nesse livro se encontraria resumido o lado monstruoso do Benfica, que nasce da turba acéfala.

      Todos os crédulos deveriam ser obrigados a saber, de cor, todas as datas, todas as promessas e todos os acontecimentos que levaram Vale e Azevedo ao poder e que aí o mantiveram durante anos. Se assim fosse, o Benfica estaria salvo.

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  12. Simplesmente genial! É precisamente com esta lucidez )e sem medo dos yesman de sempre que culpam invariavelmente papões exteriores pelas desgraças próprias) que o Benfica pode levar o safanão de que precisa neste momento. O que se ouve por parte dos dirigentes (os mesmos que, se nada for feito, vão transformar o clube num Benfiquinha SA, com sede social num paraíso fiscal) e dos tais crédulos é o mesmo de sempre: "tenham esperança, "num dia se perde noutro se ganha", pró ano há mais", etc. Ou seja, a reedição do discurso de todas as religiões, uma espécie de linguagem binária com dois termos: espera e esperança. Numa coisa têm razão: para o ano, com esta direcção vai haver mais... humilhações, incompetência, frustração acumulada, mortes na praia... Uma nota final. O Benfica, para além do maior, é o clube mais português. Para o melhor e para o pior. É por isso que, quando o deputado Carlos Abreu Amorim apelida os benfiquistas de "magrebinos", para além de assinar de cruz na quadrícula "sou um imbecil chapado", demonstra uma tal ignorância acerca do seu próprio país que a carreira política lhe assenta como uma luva.

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  13. Foda-se perdeste o meu respeito com essa defesa do maior coveiro do Benfica - Fernando Martins.

    Esse gajo permitiu o crescimento do Porto.
    Esse gajo aliou-se ao nojento do norte para foder o João Rocha.
    Esse gajo ainda hoje recebe o amigo no seu hotel quando ele vem jogar a Lisboa.
    Esse gajo deixou apodrecer a melhor equipa do país com craques e em vez de a renovar foi comprando vandos e tuebas até ter uma equipa pouco menos que competitiva.
    Esse gajo como grande aldrabão foi buscar o Erikson porque tinha ganho uma Taça UEFA no Goteborg e teve a sorte grande que o aguentou depois de Csernais e afins ...
    Esse gajo desinvestiu na equipa, vendendo Chalanas e comprando merdas para fechar o Terceiro anel ...
    Esse gajo, recusou-se a pagar o fecho do Terceiro Anel que deu origem à penhora do Regedor ...
    Esse gajo decidiu investir no último ano que foi presidente por causa da ameaça que representava a candidatura do João Santos ...

    Dizer que Fernando Martins foi o último grande dirigente do Benfica, esse gajo é o pai do monstro que é o Pintismo, pois foi ele que permitiu a subida dos chitos na federação, só para evitar que o Sporting tivesse mais peso que o Benfica.

    Das duas uma, ou não conheces a história, ou não sabes o que dizes. Tenho algum respeito pelas tuas análises lúcidas, capazes de ver mais além da espuma do dia-a-dia, mas hoje deste uma grande machadada no respeito que tinha por ti ...

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  14. Só falta glorificares a golpada que ele promoveu e de como se aproveitou de um mau momento de um grande presidente do Benfica para se eleger presidente depois de ter perdido várias vezes nas urnas ... (rings a bell ? ou pensas que as tácticas dos anos 90 nasceram com esses biltres ?)

    HAJA MEMÓRIA CARALHO !!!

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  15. Estou indignado, olha para a equipa que chegou à Final da Taça UEFA e vê como ela estava quando o pedreiro perdeu as eleições. Achas que neno, silvino, tueba, vando, chiquinho carlos, rui pedro, navalho, zivkovic, edmundo, césar brito, dito e rui águas(os melhores que contratou que tanto amor tinham ao Benfica que foram logo para o Porto porque o Benfica deixou de ser submisso?) eram os reforços que iriam ocupar os lugares de stromberg, chalana, alves e filipovic (corridos para o boavista), shéu, humberto coelho, bastos lopes, manuel galrinho bento ?

    Há quem não seja tão radical como eu, mas podes sempre ler quem foi o responsável pelo implementar e crescer do Pintismo baseado na torpe doutrina pedrotiana.

    http://em-defesa-do-benfica.blogspot.pt/2011/05/como-ele-dizimou-os-nossos-presidentes.html

    Já agora e se ele tivesse ido buscar o pedroto como chegou a pensar nisso ? Ainda o consideravas o último grande presidente ?

    Quanto a quem diz que ele deixou o valor 600.000 contos em caixa que o Benfica devia à Teixeira Duarte (fica sempre bem não honrar os compromissos, não é ?), esquece-se que o terceiro anel não foi fechado em 85 e que nesses tempos a taxa de juro rondava os 15 a 20 % ao ano, ou seja, a dívida à altura da saída era bem superior ao que ficou em caixa.

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    1. Acho que tens razão em algumas coisas, e que não tens noutras.
      É verdade, por exemplo, que o Fernando Martins era um somítico, e que comprometeu a equipa para poder fechar o Terceiro Anel (os jogadores ganhavam mais de prémio de jogo do que de ordenado).
      Não me parece verdadeiro que seja o pai do pintismo, nem nada que se pareça. Nessa altura já o pintismo vinha por aí abaixo montado em tanques de guerra e era imparável. Se ele tivesse contratado o Pedroto é que talvez não tivesse sequer havido pintismo.

      O Fernando Martins foi o último grande dirigente do Benfica não por ter acertado em tudo mas por ter sido o último a pensar pela sua cabeça, a não decidir baseado em falsas ilusões e em demagogias.
      Mas não sou fundamentalista: o Vieira aida vai a tempo, se conseguir subir mais uns degraus.

      Não gostas que eu lhe chame «grande». Posso aceitar. Preferes que eu lhe chame «coveiro». Não posso aceitar.
      Comprometo-me com «o último bom dirigente do Benfica». (Vá lá, «o último DIRIGENTE do Benfica»).

      Devo, no entanto, notar a grande diferença entre discutirmos este tipo de coisas, e de basearmos a discussão numa visão crítica do Benfica, e discutirmos baseados na acefalia do «eu acredito com muita, muita força, e tu só com alguma força, por isso eu sou mais benfiquista do que tu.»

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    2. Falsas ilusões ? Quando entrei para sócio, na altura por proposta, era quase o 100.000, passado pouco tempo com a renumeração baixei para o 60.000 e qualquer coisa.

      Daí vem a minha pergunta, que maior ilusão que um dos maiores estádio do mundo, na altura o 2.º maior da Europa atrás do Ibrox Park ? Na maioria dos jogos os sócios não pagavam bilhete e mesmo assim contra um qualquer Chaves, Salgueiros ou qualquer outra das equipas da metade de baixo da tabela estavam para aí 40-50.000 pessoas.

      Queres maior ilusão e novo-riquismo que esse ? Baseado não no ser e o estádio da Luz tinha sido construído com o esforço de muitos sócios, (lembras-te dos azulejos de agradecimento ?), mas no ter, ter um dos maiores estádios do mundo. Será que esta conversa não lembra qualquer coisa ?

      Aproveitou a sorte que foi o golpe de asa Erikson e em vez de fazer o que o Pinto fez no pós-Mourinho, destruíu a equipa substituindo os que se iam reformando ou que ele ia vendendo por cepos baratinhos em que as melhores contratações vinham do covilhã e do setúbal, já para não falar de estrangeiro que ninguém conhecia e que nada valiam (só porque pouco custavam).

      Quanto ao pintismo, parece que não sabes, mas eu explico. O Pinto deu à costa com director do futebol no fim da década de 70 e juntamente com o pedroto quis implementar a porca cultura que imediatamente lhe deu 2 títulos. Face às derrotas subsequentes que tiveram, montaram um conflito com o presidente na altura, pois consideravam-no demasiado brando para com os mouros e o Pinto foi eleito em 82, já o Fernando Martins era presidente.

      Como o Benfica era demasiado grande para ser atacado directamente, aliou-se ao Fernando Martins para atacar o Sporting do João Rocha. Com medo de ser ultrapassado pelo Sporting, o verdadeiro rival do Benfica à altura, o Fernando Martins acedeu e fechou os olhos ao assalto à Federação perpretado pela Associação do Porto com os seus filhotes de Braga e de Aveiro.

      Para controlar controlar os árbitros e mostrar quem mandava, o Pinto armou uma arapuca ao Francisco Silva que era ganancioso e foi irradiado por tentativa de corrupção, gravando-o a exigir dinheiro para os favorecer (na altura as gravações eram aceites).

      Mas havia outro problema, muitos dos presidentes dos clubes eram Benfiquistas e tratou de alterar esse assunto. A primeira vítima foi o Portimonense do Manuel João, onde o facto do Pinto ter levado umas pedradas nos cornos por causa de mais um roubo de igreja, fez com que a partir daí as más arbitragens prejudicassem o Portimonense até que desceram ... Não quero entrar em teorias da conspiração sobre o acidente de gás do Cadorin, mas a verdade é que foi algo muito mal explicado na altura. Entretanto começou a espalhar os boatos que os presidentes dos clubes mais pequenos sendo benfiquistas, abriam as pernas ao Benfica prejudicando os próprios clubes e assistiu-se a um progressivo alterar de presidentes.

      A luta contra a Federação para não levar um seleccionador benfiquista ao Euro, levou a que fosse uma comissão de 4 treinadores (só mesmo em Portugal). Em 86, os seus lacaios na federação trocaram as análises e o Veloso foi afastado injustamente do México.

      Perante estas jogadas porcas e perante a guerra aberta contra o Sporting, o Fernando Martins foi fechando os olhos e o Pinto foi cimentando o Porto como o segundo clube no país, em termos de rendimento desportivo, pedindo meças ao Benfica.

      O Benfica apesar do lastro que trazia, perante tanta tralha trazida no pós-Erikson, o Mortimore aceitava tudo, tinha uma equipa cada vez menos competitiva e só a disciplina férrea do inglês e o talento ainda existente nos permitiam competir internamente mas na Europa mostrávamos a nossa fraqueza perante um Porto que crescia a olhos vistos.

      Os juros da dívida à Teixeira Duarte acumulavam-se, o Estádio foi inaugurado no final de 85 e o João Santos entrou em Março de 87, e o dinheiro que deixara em caixa já não dava para pagar.

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    3. Esse foi o maior erro do João Santos, confiando na razão que o Fernando Martins dizia assistir ao Benfica, em vez de ter deixado esse dinheiro no banco a render para pagar essa dívida, optou por investir fortemente nas modalidades.

      Mas pior, perante o ataque que o Pinto desferiu ao Benfica com a contratação do Dito e do Rui Águas (nunca lhe perdoei isso), em retaliação à diferente postura dos dirigentes do Benfica, assistiu-se a uma espiral inflacionista nos salários.

      Por um lado, porque o Benfica foi contratar jogadores de valia mundial - Mozer, Ricardo, Valdo, bem como o resgate do Chalana e a aquisição de outros jogadores interessantes, mas também grandes barretes como Elzo, Ademir, Marlos ... Por outro lado, porque com a ida à final da Taça dos Campeões os salários foram todos revistos em alta.

      Aliás, os salários no Benfica eram efectivamente baixos com o Fernando Martins, porque os jogadores bons ou se reformaram ou foram transferidos e os que entraram eram jogadores de segunda e terceira categoria. O César Brito marcou 2 golos decisivos nas Antas, mas como avançado era perfeitamente banal.

      O que é ilusão ? Querer ter grandes equipas e modalidades vencedoras, compara os desempenhos nas modalidades nos dois consulados. É se não houver receitas para isso, mas o objectivo do Benfica é o sucesso desportivo e não as infra-estruturas.

      O fecho do 3.º anel mais não foi que uma tentativa de se perpetuar na memória dos benfiquistas. É que o povo gosta de dizer que tem o maior estádio do país, um dos maiores da Europa e do Mundo, mas depois rentabilizá-lo tá quieto. O que é isso senão uma enorme ilusão (ainda por cima quando se o deixa por pagar) ?

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  16. "(...)ter razão, como benfiquista, é um lugar solitário."

    Também me sinto assim muitas vezes. Não só em relação ao Benfica, noutros assuntos da vida também. Cheguei à conclusão de que quando se pensa de forma diferente, de que quando se vê as coisas pelo seu todo e não somente pela parte que nos oferecem (que é o que a maioria faz) ninguém nos "acompanha". Não sei se me fiz entender. É um sentimento que supera a frustração...

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    1. Basicamente, é fodido.

      Ânimo, puto. Um gajo não pode ser campeão só quando veste uns calções, tem de ser campeão assim que acorda, senão não vale a pena.

      Há quem pense que humildade é colocarmo-nos abaixo dos outros.
      Eu prefiro pensar que humildade é colocarmo-nos abaixo de nós próprios.

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  17. Tenho sempre algumas reservas em relação a quem apenas vê o copo meio vazio. Dito isto (e não que já não o saibas), este espaço é, manifestamente, o mais interessante no que toca a uma problematização séria e inteligente do SL Benfica. Os OCS tradicionais são peditórios para os quais há muito deixei de contribuir. Tivessem mais pessoas esse comportamento e hoje, em virtude do tal ”efeito número” que referes, talvez tivéssemos uma realidade desportiva e civil mais “respirável”.

    Dizia um treinador há uns anos que o seu clube, em condições normais, seria campeão. Em condições anormais… também seria campeão. É incrível como, apesar de tudo, em condições normais o Benfica teria sido campeão e alcançado, desde cedo, o capital de confiança e tranquilidade que lhe permitiria alcançar algo de muito apreciável na presente época. Problema: no desporto nacional, há muito que prevalecem as situações anormais.

    Este tem de ser um ponto de partida fundamental para, aí sim, perceber-se onde se está e para onde se quer ir, sob pena de hipotecar os destinos do clube em busca de algo que, por este caminho, só nas tais condições extraordinárias será alcançado. Compreendo a referência ao projecto de Artur Jorge. Dito isto, parece-me que, também aqui, o tempo provou que Artur Jorge, King, Nelo e companhia não eram propriamente parte dessa solução e que, entre a equipa genial de 93/94 e a de carregadores de piano de 94/95 pode (e deve) haver um meio-termo, um equilíbrio. Encontrar esse equilíbrio projecto/finanças será o segredo do sucesso de qualquer estrutura dirigente que um dia venha a servir os destinos do clube.

    Primeiramente, mais do que atirar com milhões para cima de tudo o que mexe, o que é preciso instituir é uma cultura de Benfica. Uma cultura que não tenha em primeira instância o valor das acções no mercado, com jogadores a meterem “massa” nos adversários, ao invés de o fazerem publicamente junto do treinador escolhido para os treinar. Uma estrutura com “fome” de conquistas, não de rissóis e croquetes.

    Até o Alex sabe isto. Só quem não o ouviu em conferência de imprensa é que não saberia o que aí poderia vir – um grupo com querer e com crer. O que até poderia nem ser suficiente tal a disparidade de qualidade entre ambas as equipas, não tivessem os jogadores do Benfica menosprezado o adversário e a competição. Apesar de todas as lacunas existentes, tivesse a Taça de Portugal a visibilidade de uma qualquer final europeia e tínhamos dado 10. Isto em 4-4-2, em 4-5-1 ou em 2-3-5.

    As críticas às conquistas (pontuais) que até então se foi alcançando não têm, a meu ver, razão de ser. Teriam caso existisse um projecto de fundo que tivesse tido um termo ditado por essas conquistas. Pelo contrário: trouxeram alegria aos adeptos e a paz de espírito a plantéis e equipas técnicas para, nas épocas seguintes, poderem alicerçar o trabalho desenvolvido. As derrotas tidas teriam sido proveitosas caso se tivessem tirado as devidas ilações, o que não se verificou de sobremaneira. Estivemos 11 anos sem vencer o campeonato nacional, tempo mais do que suficiente para se crescer e equilibrar os pratos da balança. Tal não só não se verificou, como, imagine-se, só veio a acontecer nestes últimos 4 anos. Hoje o Benfica é o 6.º classificado no ranking da UEFA (ainda que a um custo de €500.000.000 de passivo).

    Sou visita habitual pela forma como aqui se pensa o Benfica, se problematizam virtudes e defeitos, se procura ir além do óbvio. Diz o que tens a dizer, manda cá para fora. Mas deixa-nos ser nós a então considerar se a tua opinião traz maior valia quando comparada com as demais.

    Filipe, Margem Sul

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  18. Hugo,

    é sempre um prazer ler-te mas, neste caso, nem vou comentar nem questionar o texto. Apenas quero dizer que, em condições NORMAIS, o FCP (por mais organizado, mais estruturado, por maior qualidade que possa ter tido no plantel, por maior mérito que pudesse ter tido) não pode NUNCA ganhar 9 dos últimos 11 campeonatos (ou 14 dos últimos 20, se preferires). Não pode e julgo que deverá ser caso único nos campeonatos profissionais de futebol por esse mundo fora. O FCP foi sempre superior nesses campeonatos todos que venceu? Todos sabemos que não. E no entanto, manteve-se a ganhar. Isto porquê? Porque a estabilidade não é apenas fruto do trabalho, é fruto das conquistas. Sejam elas mais ou menos meritórias.

    Isto tudo leva-me a pensar que: podemos trabalhar melhor? Sim. Podemos ser mais inteligentes? Sim. Podemos escolher com quem nos relacionamos e quem apoiamos? Sim. Podemos, DE UMA VEZ POR TODAS, deixar de dar tiros nos próprios pés? Também. Agora não me lixem, sem as condições ANORMAIS que se verificam ano após ano para os lados do FCP eles teriam ganho mais do que nós, disso não tenho dúvida. Mas quanto mais do que nós? E o que significaria essa aproximação no que à nossa estabilidade diz respeito?

    Eu também gostaria de ganhar contra tudo e contra todos, apesar das adversidades e das condicionantes anormais. E sei bem que esse é o caminho para passar a ganhar a longo prazo. Mas, invertendo a lógica, não podemos olhar SÓ para a floresta...

    Um abraço.

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    1. Clap clap clap!!!

      (juntando estas achegas aos posts do Hugo, não é pela falta de massa crítica dos adéptos (ou quase) que o Benfica não chega lá.

      PS. no entanto, estou-me nas tintas para o campeonato português, com todas as suas anormalidades e para o porto - o perfeito vencedor neste pais - o que quero é ser campeão europeu.

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